Em nossos dias, não poucos jovens, confusos em sua sexualidade, já ouviram de alguém, pretensamente com a intenção de ajudá-los, que devem “sair do armário”.
“Sair do armário” seria aqui uma conduta coerente. Se o jovem está confuso é porque sua orientação sexual não corresponderia àquela que na verdade seria a sua. Então, “sair do armário” significa assumir sua verdadeira identidade, a identidade homossexual.
A questão que quero colocar aqui é: seria justo levar uma pessoa, às vezes jovem demais, para ter certezas tão profundas, a assumir uma identidade que pode não ser a sua?
Este assunto é muito complexo e sei que devemos ter muito cuidado ao tratá-lo, pois corremos o risco de não ajudar as pessoas que passam pelo desafio de ter que enfrentá-lo. Mesmo a psicologia e a psicanálise, além das ciências médicas e várias outras áreas ligadas ao ser humano não têm ainda (e talvez nunca venham a ter) uma conclusão acerca do fenômeno da homossexualidade.
Apesar disto, creio que podemos falar a respeito; creio poder usar as experiências adquiridas ao longo dos anos de pastoral, ouvindo pessoas que vivem esta situação, para tentar trazer alguma luz.
Se, por um lado não se pode condenar pessoas por causa de sua orientação sexual, por outro, não se pode também aceitar que haja uma imposição de caminhos, levando pessoas, sobretudo as mais jovens, a uma confusão perigosa.
Em tempo em que a valorização da estética corporal e o erotismo ganharam relevo talvez jamais visto, todo cuidado no trato com o desenvolvimento da sexualidade é importante.
Corpos culturais tornaram-se alvo de admiração exacerbada e são impostos como modelos para todos. Ai do jovem que não os possuir! Como se sentirá? O que passará pela alma de um adolescente que não possuir os padrões de beleza impostos hoje? Como ficará sua autoestima? Isto aliado ao fato de ser estimulado a ter vida sexual ativa quando ainda não tem condições para tanto, não será uma mistura perigosa demais? Há que se considerar que as pessoas são diferentes. Dois meninos de treze anos podem ter comportamentos completamente diferentes diante de uma mesma situação. Se um deles é, por natureza, mais tímido e inseguro, como se sentirá diante dos apelos tão exigentes?
A Igreja católica não condena a pessoa homossexual, mas também não concorda que se induza pessoas a um comportamento que pode não ser condizente com sua orientação mais profunda.
Será justo induzir um jovem a tomar uma posição que pode não ser verdadeiramente a sua? Como ele voltará depois, caso descubra que errou? Que preço pagará?
Quantas coisas um adulto se arrepende de ter feito em sua juventude, por causa justamente de sua imaturidade?
Entendo, portanto, que essa coisa de “sair do armário” pode não ser tão libertadora quanto se apregoa por aí. Entendo que liberdade sexual é algo construído ao longo de anos, a ser conquistado primeiro dentro da pessoa e não forçado de fora.
Entendo que precisamos acompanhar os mais jovens com muito diálogo, amizade, formação segura e fé autêntica, sem a qual o ser humano não tem luz suficiente para caminhar seguro.
Colaborador Pe. Walter
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