Uma vez, ao chegar próximo de uma árvore frutífera, avistei uma única fruta, bem no alto do pé. Fiquei planejando como poderia colher aquela fruta. Se tentar derrubar com pedras quebraria-a e a estragaria. Se derrubasse com uma vara comprida ela poderia ficar no interior da árvore, presa entre os espinhos. Se tentasse subir para apanhá-la, poderia então me machucar. Entendi que precisava planejar a melhor estratégia para poder usufruir do sabor da fruta sem danificá-la e também sem me machucar.
Escrevo
isto para introduzir a reflexão sobre o mês de outubro, mês
missionário. Muitas vezes a nossa vontade é de quando chega o mês
missionário nos embrenhar na missão, justamente porque a primeira
impressão é do que o mundo precisa. Mas o mundo é igual a uma árvore, ao
mesmo tempo em que tem frutos, tem também espinhos. Se nos embrenharmos
com muita pressa para chegar ao fruto vamos sem dúvida nos machucar e
nem perto vamos chegar.
Este mês, deve ser um mês motivador para
que assumamos o nosso papel de cristão missionário, seja na nossa
família, comunidade e ou sociedade. Porém, este mês não deve ser somente
de ação, deve ser também de reflexão. Pois, para sermos missionários
não precisamos percorrer grandes distâncias. Ser missionário é fazer a
difícil viagem de sair de si, e ir ao encontro do outro, do novo, do
diferente como em busca da fruta saborosa. É preciso pensar, planejar,
ver a maneira de agir sem que os frutos sejam estragados ou que sejamos
machucados pelos espinhos. E isso exige de nós uma abertura pessoal e
comunitária para responder aos desafios de ser missionário.
Assumir
os desafios e o compromisso de ser missionário é ter a missão não
somente de levar algo, mas também de descobrir. Não somente de dar, mas
receber. Não somente conquistar, mas partilhar e buscar juntos sempre a
verdade em Cristo através de nossos gestos, atitudes e atos. A missão
nos permite criar novos laços, novas relações, um novo jeito de olhar a
vida, um novo jeito de ser igreja.
Ser missionário é um
compromisso de toda a comunidade que vive e transmite a sua fé. “Nenhuma
comunidade cristã é fiel à sua vocação se não é missionária”.
"Ao
irem pelo mundo, não discutam, nem façam
juízo de outrem, mas sejam mansos, pacíficos, modestos, afáveis e
humildes, tratando a todos honestamente, como convém” (S. Francisco).
Pe Jalmir - Missionário do Sagrado Coração em Cuiabá no Mato Grosso
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