Todos
nós sabemos do poder destruidor que uma bomba possui. Basta
lembrarmos das inúmeras guerras travadas ao longo da história da
humanidade. Milhares de pessoas podem morrer no lançamento de uma
única bomba. Em Hiroshima e Nagasaki, durante a segunda guerra
mundial, morreram mais de duzentas mil pessoas quando apenas duas
bombas foram lançadas. Isso sem falar dos mortos pelas doenças
oriundas da radiação que ficou depois do lançamento delas.
Nem
todas as bombas são como aquelas que conhecemos, lançadas durante
uma batalha militar. Há também aquelas que são produzidas
silenciosamente dentro de uma sociedade e que, quando explodem,
produzem vítimas sem conta. Assim, existem, por exemplo, as “bombas
sociais” geradas pelas injustiças humanas, ao longo de muitos anos
em um país.
No
Brasil, temos começado a ver, de maneira mais marcante nos últimos
anos, as explosões desse tipo de “bomba”. E acredito que seja
apenas o começo, pois em nosso País, muitas “bombas sociais”
têm sido “fabricadas” de modo continuado, à vista de todos, sem
que tomemos uma atitude eficaz para desativá-las.
O
que pensar dos arrastões no Rio de Janeiro? A mim, isso parece o
começo das explosões das bombas que tornaram pobres as muitas
favelas e bairros da periferia daquela cidade que tinha tudo para ser
maravilhosa, mas tem se tornado cidade-terror. E como não pensar
que, mais cedo ou mais tarde, tal coisa fosse acontecer? Ou será
que, ingenuamente, acreditamos que milhões de pessoas pobres
espremidas em vielas, casebres e morros permaneceriam passivamente
vivendo sua miséria sem nenhum tipo de contestação?
Infelizmente,
a contestação está vindo da pior forma possível, como se fosse a
explosão de uma bomba, em forma de violência, que não respeita
ninguém, que fere e que mata, que rouba para ter o que se vê na
mesma TV que, ao mesmo tempo, faz propaganda estimulando o consumo,
mas também faz campanha estimulando a prisão dos menores que não
puderam comprar o que ela mostra e roubaram para ter.
Temos
fabricado muitas bombas não distribuindo a renda, não fazendo a
reforma política nem a reforma agrária; não protegendo a família
e nem oferecendo acesso à educação de qualidade para todos. Ainda
temos a ilusão de que podemos ficar imunes às explosões dessas
bombas nos mudando para condomínios fechados, impedindo o acesso dos
pobres a nós, contratando seguranças... Doce ilusão!
A
humanidade, bem como toda a criação, geme com dores de parto,
esperando sua libertação por meio da manifestação dos filhos de
Deus (cf. Rm 8, 16-22). Até quando tardaremos em agir como filhos de
Deus, em querer de fato que o que Jesus ensinou seja vivido no mundo,
a começar por nós que dizemos crer nele?
Pe
Walter
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