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terça-feira, 12 de maio de 2020

Igreja nas casas

Por Paróquia São João Batista   Postado As  11:51   Sem Comentários

Por: Pe. Geraldo Martins

A pandemia do novo coronavírus provocou mudanças inimagináveis na sociedade mundial. Ninguém poderia prever que, por qualquer razão, os governos de nações do mundo inteiro determinariam o isolamento social como medida para salvar vidas diante de uma doença que já matou centenas de milhares de pessoas em todo o mundo.

O isolamento social se sobrepôs ao direito humano de ir e vir para assegurar às pessoas seu direito fundamental e irrenunciável à vida. Perita em humanidade, como afirmou São Paulo VI, e defensora da vida em todas as suas manifestações, a Igreja não poderia se opor a essa medida, dura e exigente, porém, necessária e inevitável por se tratar de defender a vida.

Por causa do afastamento social, as portas das igrejas foram fechadas e as famílias foram convocadas a voltar à origem do cristianismo e recuperar a prática da Igreja nas casas quando os cristãos se reuniam, em família, e eram “perseverantes no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações” (At 2,42). Redescobrir que a primeira igreja onde viver e testemunha a fé é a família faz-nos compreender que quem consegue ser cristão somente a partir do templo precisa repensar seriamente sua fé.

Celebrando a “missa sem povo”, os padres lançaram-se, então, no mundo virtual para o qual transferiram sua igreja, reunindo, pelas redes sociais, seu rebanho a fim de alimentá-lo com o pão da Palavra que anima a esperança e fortalece a fé. Uma experiência nova para a grande maioria dos padres e dos católicos.

Celebrar numa capela ou igreja, grande ou pequena, totalmente vazia, olhando o tempo todo para uma câmera, exige transcender o espaço físico e migrar para outro espaço ocupado não se sabe por quem nem por quantos. A sensação de que se celebra sozinho, no entanto, é quebrada com o testemunho dos que, tocados pela celebração, relatam o bem que lhes fez aquela celebração, ainda que virtualmente.

Uma pergunta que muitos se fazem, nesse momento, é esta: “Que Igreja emergirá de tudo isso que estamos vivendo?”. A mesma pergunta se pode fazer também em relação à sociedade, às famílias, às instituições. Que lições tirar desta pandemia que nos obrigou a comportamentos tão diferentes?

Ajudam na busca de respostas as palavras do papa Francisco: “A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades. Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade”.

No nível eclesial, estou certo de que a grande lição é que não existe uma única maneira de viver a fé e que, para sua sobrevivência, é fundamental redescobrir a família como Igreja doméstica.

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Paróquia de São João Batista - Viçosa - MG

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