(Mt 18, 20)
No
Evangelho proposto para a liturgia do último domingo, Jesus prepara e acompanha
seus amigos, os apóstolos, para a vida de comunidade e para a missão. Jesus tem
consciência de que nenhuma comunidade de seus seguidores poderá subsistir se
imperar um estilo de vida individualista, competitivo e incapaz de acolher as
limitações e fragilidades de cada um. Daí seu constante convite a provocar
encontros que ajudem a integrar, a religar, a articular o tecido comunitário.
O
sentido da vida em comum é um dom de Deus, que foi dado a todos. O fundamento é
que Deus Criador é Amor Trinitário, é comunhão de Pessoas (Pai-Filho-Espírito
Santo). Como criaturas, fomos atingidos pela marca trinitária de Deus. Como
homem e como mulher, trazemos esta força interior que nos faz “sair de nós
mesmos” e criar laços, fortalecendo a comunhão.
O
termo comunidade faz referência a algo “comum”. A palavra “comum” vem do latim,
“communis” e é composta de “com/cum” (com, unido, junto) e “munis” (disposto,
pronto para o serviço). Estar juntos, unidos nessa partilha do melhor de nós
mesmos, da maturidade e do crescimento, da autoridade e da identidade pessoal é
ser “comum”.
Encanta-nos
a delicada pedagogia de Jesus e sensibilidade em não delatar o pecador publicamente.
Jesus rejeita sempre o pecado, mas empenha todos os seus esforços por salvar
sempre a dignidade do pecador. A “correção fraterna” é gesto humilde e discreto
que não humilha. Devemos corrigir como pecadores, não como “justos”.
O
cristianismo é tão revolucionário que exige do ser humano não apenas a grandeza
de compreender e desculpar o ofensor, mas a capacidade de amá-lo. Corrigir é
ter esperança no ofensor, acreditar em sua humanidade, oculta sob sua
fragilidade. A correção exige que se contemple a pessoa sob outro prisma, enxergando
não o mal que ele fez, mas sua verdadeira identidade de filho de Deus.
Padre Adroaldo sj
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