Certa vez, alguém me disse que os jovens não tinham mais jeito; que a juventude de hoje era morta; que era bom na sua época, quando todos eram muitos animados.
Olhei
para um lado e para o outro; me vi sozinho, única força, único jovem.
Então, por um longo instante pensei “eles tem razão, somos um bando de
Zé ninguém”. Fiquei chateado, me via como um cadáver, um defunto mesmo
e, por incrível que pareça, um defunto já frio. Que sensação ruim!
Pior,
eu era um seminarista sem forças, sem ânimo para animar os jovens. Para
mim, naquele momento, era muito difícil um defunto animar outro
defunto. Que coisa mais sem graça seria, ninguém iria nem se mexer, nem
sequer abrir os olhos para ver quem é ou falar algo. Que marasmo seria!
Certo
dia, esse defunto deparou com um grupo de jovens em uma determinada
cidade que revelou a ele que tem muitos jovens vivos, com os olhos bem
arregalados, com voz firme, com uma vivacidade que impressionava quem
estava morto. Eram jovens que tinha uma vivacidade que contagiava, pela
sua força de vontade de se colocar à disposição ao serviço aos mais
necessitados.
Um
grupo grande, em pleno domingo, fazendo acontecer um projeto de
solidariedade a um grupo de velhinhos. Os olhares daquelas avós eram
irradiantes diante de abraços que ganhavam dos jovens “bonitinhos”.
Algumas velhinhas ainda diziam insultando as outras: “olha que mocinho
bonito; ganhei um beijo dele”!
Gesto
bonito, com um significado marcante naquele momento em que eu estava
morto. Pude nesse momento perceber que muitos jovens, até mesmo eu,
naquele momento, sentiam como os discípulos de Emaús, desmotivados, sem
esperança, porque se deixaram enterrar junto com Jesus. Mas Jesus
ressuscitou e nós continuamos lá, presos sob as paredes frias e inertes
de um túmulo.
Mas
aqueles jovens, não! Eles ressurgiram com Cristo para uma vida nova.
Capaz de anunciar a todos o sentido belo de ser cristão, que é servir no
amor.
A
igreja nesse tempo pascal quer jovens motivados, capazes de sair do
túmulo do comodismo, para vestirem a camisa de jovens decididos por
Cristo. Ele ressuscitou e conta com a força dos jovens que estão vivos.
Caixão está caro! Por isso, decidamos pela vida!
Adriano
(reeditado)
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