Refletindo sobre a questão dos irmãos afastados, a qual nos chama
atenção o PAE (Projeto Arquidiocesano de Evangelização), lembro de
um senhor que numa missa, ficou de cabeça baixa, durante a homilia.
O padre falava de família, amor e fidelidade e, enquanto falava, olhava
no rosto das pessoas, promovendo um discurso acolhedor. Penso que
aquele senhor tomava para si as palavras ali proferidas. Talvez a consciência
o acusasse de erros do passado.
A partir de então, ele não mais
participou de nenhuma atividade religiosa. É provável que, para ele, a
igreja de nada valia, pois pessoas (aparentemente piedosas) vivem
rezando, rezando e continuam fazendo coisas erradas. E ingressou no
time das pessoas afastadas da Igreja. Que pena!
Algum tempo atrás, num encontro de reflexão sobre a Palavra de
Deus, ocorreu-me dizer sobre a mania que temos em confiar nas nossas
próprias forças, nossa autossuficiência e também das vezes que, diante
das pessoas com as quais convivemos, fazemos pirraças, picuinhas
e desaforos. Sim, insistimos na realização do mal, mesmo sabendo
que isso não trará felicidade para nós ou para quem convive conosco.
Uma pessoa no grupo, com certa rebeldia, levantou-se alegando que
seria mais educado de minha parte, chamá-la num particular e fazer a
correção fraterna do que ficar “jogando indiretas” e saiu às pressas do
grupo. Falou assim e saiu da sala onde nos reuníamos.
Francamente, eu temia escrever sobre esse assunto. É deveras delicado!
Mas tem hora na vida da gente que é preciso encarar a verdade.
Eu falo por mim: A Palavra de Deus é direta. E direita. Não se pode fugir
dessa realidade, enganando-se a si mesmo. Padres cometem erros,
pois são humanos. Pastores de outras denominações cometem erros,
pelo mesmo motivo. Médicos cometem erros. Infelizmente, alguns são
fatais. Os erros existem em nossa vida, assim como os acertos. E são
importantes, especialmente para nosso aprendizado.
Alguns dizem que estamos no mundo para nos aperfeiçoar, mas
insistimos em não aproveitar as oportunidades de aprender com os
erros.
Em muitas ocasiões, achamos que é melhor afastar das pessoas,
da comunidade, da Igreja. É melhor sair do grupo. E, pior ainda,
passamos a desrespeitar o grupo ao qual pertencíamos, falando contra
e justificando nossa atitude.
No entanto, a Palavra de Deus, por mais difícil que seja praticar e
viver, é direta. Diz o que precisamos, no momento em que estamos ali
a ouvir. Não adianta fugir. Ela é certeira! E é para nós mesmo! Embora,
em muitas ocasiões, a gente pense: “minha irmã devia ouvir isso” ou
“meu chefe devia estar aqui...”.
Não se pode negar e nem “tapar o sol com a peneira”. A indireta
acontece somente quando nos enganamos. A gente precisa entender
isso para obter da vida a plenitude que Jesus nos anunciou. Ele é o
caminho, a verdade e a vida. Ele é a Palavra viva que desceu do céu.
Importante não nos esquecermos disso, antes de pegar em pedras para
sair atirando por aí.
Néia Fontes
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