“A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos” (Lc 10, 2)
Em Jesus Cristo, Deus nos salva e nos convida a participar de sua obra: a construção do Seu Reino neste mundo marcado pela dor e exclusão. Deus convoca pessoas que tem espírito de audácia, energia, criatividade, luta e participação, porque Ele não nos deu espírito de timidez, covardia ou fuga. Nesse chamado dirigido a todos, cada um tem uma missão única e intransferível.
Para realizar essa missão, Deus nos cumula de qualidades e capacidades necessárias para tomar decisões sábias e construir o novo. Para isso, devemos ter sempre diante dos nossos olhos a pessoa de Jesus Cristo que descentraliza o mundo a partir da periferia, terra privilegiada de onde podemos contemplar a história e a própria humanidade.
O anúncio e a ação de Jesus na “periferia” provocam um deslocamento geográfico e social. O centro da história já não se encontra em Roma ou Jerusalém, mas sim na “margem”. Todo aquele que pretende encontrar-se com Jesus terá de peregrinar em direção às massas excluídas.
Corremos o risco de viver em mundos-bolha, construindo nossa vida encapsulada em espaços feitos de hábito e segurança. Mas o Evangelho de hoje nos convida a contemplar o mundo em suas fraturas e em suas possibilidades. A atitude de quem se aproxima destes contextos de exclusão não pode ser a do “salvador do mundo” que pensa que vai fazer milagres, nem a do turista que passa e registra tal realidade e não se deixa afetar pela dor alheia.
O encontro com o diferente possibilita também o encontro consigo mesmo e uma melhor formulação do sentido da própria vida. Somos chamados a viver a solidariedade como um estilo de vida, fundado no modo de viver de Jesus. Solidariedade significa encontrar-se com o mundo do sofrimento, da injustiça e da fome, sem ficar indiferente.
A certeza de que trabalhamos na messe do Senhor nos faz superar o medo de romper paradigmas e de vencer naturais resistências frente à mudança, bem como o não estar apegados ao costumeiro e rotineiro.
Pe. Adroaldo
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