Conta-nos
São Mateus que o rei Herodes, ao saber que em Belém havia nascido um
menino, tentou eliminá-lo já no berço, mas não conseguiu; o bom José
tomou o menino e sua mãe e fugiu com eles para o Egito. Enquanto isso,
Herodes espalhava terror e luto em Belém e arredores, com a ordem para
que todos os meninos abaixo de 2 anos de idade fossem mortos (Mt 2).
São
Nicolau, um bispo do 4º século nascido em Mira, na atual Turquia, e
cujo sarcófago está conservado na catedral de Bari, no sul da Itália,
compreendeu bem a festa do Natal: saía pelas ruas distribuindo presentes
aos pobres, sobretudo às crianças. Queria, assim, compartilhar a festa e
a alegria com todos, porque o Natal de Jesus era um imenso presente de
Deus para a humanidade inteira!
Na
Idade Média, São Francisco de Assis não se cansava de contemplar o
“sublime mistério” do Natal: o Grande Deus veio a nós na simplicidade e
na fragilidade de uma criança! Francisco, poeta e cantor da beleza, quis
que a cena do Natal de Jesus, narrada nos Evangelhos, fosse percebida
concretamente e “criou” o presépio, com a ambientação e os figurantes
dos relatos bíblicos sobre o nascimento de Jesus. A tradição dos
presépios no Natal espalhou-se rapidamente pelo mundo cristão.
Os
tempos modernos deram-se conta de que o Natal tinha um apelo comercial
muito bom e vendia bem! Natal virou coisa para comprar! E para promover
melhor o seu consumo, foi criado um garoto-propaganda, chamado Papai
Noel, o “bom velhinho”, de barbas brancas, botas, roupão vermelho e
gorro de lã.
O
Natal, então, se tornou a festa de Papai Noel. E o menino Jesus, onde
ficou? Não era dele a festa? Presépio? Em seu lugar, uma árvore
enfeitada de duendes, bruxas e bichinhos da Disney. Será que o “bom
velhinho” – hô-hô-hô – está conseguindo o que Herodes não conseguiu com
sua ira - eliminar o menino da cena?
Cardeal Odilo P. Scherer (Arcebispo de São Paulo)
0 comentários: