Uma questão que tem me preocupado nos meus anos de sacerdócio é a relação das crianças com a Igreja. Tenho percebido, a cada ano que passa, que o número de crianças que frequentam as missas tem diminuído. E não é só na nossa paróquia. Mesmo crianças inscritas na catequese não têm participado da Santa Missa.
Tenho para mim que esta questão é muito mais séria do possa parecer, à primeira vista, para muitos pais.
Apoiados em desculpas inúmeras, os pais tem deixado que suas crianças decidam se querem ou não ir às missas. Muitas vezes são pais bons, pessoas que têm sabido criar seus filhos de maneira exemplar em muitas áreas da vida, mas que tem deixado a área religiosa em segundo plano, como se esta fosse algo menos importante, da qual se pode abrir mão sem grandes prejuízos para as crianças.
No entanto, podemos afirmar que, sem a dimensão religiosa, o ser humano cresce com uma deficiência imensa, cujas consequências serão desastrosas.
De fato, muitos pais pensam que oferecer educação, saúde, afeto, lazer e outras coisas a seus filhos, excluindo a espiritualidade, bastaria. No entanto, a dimensão espiritual é fundamental para equilibrar as outras áreas do desenvolvimento humano. Cada vez mais estudiosos têm afirmado a importância da inteligência espiritual no equilíbrio da inteligência racional e da emocional.
Mas, se não são oferecidas condições para o desenvolvimento da criança quando ela está em formação, como poderá depois, quando adulta, recuperar o tempo perdido? Como semear valores religiosos imprescindíveis em alguém que quase não tem contato com a fé?
Quando vejo crianças (e são muitas!) que, mesmo em horário de missas específicas para crianças, estão pelas ruas brincando ou em frente às TVs ou passeando em sítios, fico muito preocupado, me perguntando se terão, algum dia, uma fé verdadeira, capaz de orientar suas vidas para o que Jesus ensinou.
Sei que, muitas vezes, as crianças não vão à missa porque seus pais quase nunca vão. Dizem ter muita fé, mas é uma fé segundo sua cabeça, não seguindo o que ensinou Deus, que na Bíblia diz que o domingo é o dia do Senhor.
Há pais que dirão que criança faz bagunça e incomoda as pessoas na missa. Quanto a isso, digo que se os pais forem conversando com elas em casa a esse respeito, elas saberão se comportar adequadamente nas missas. É claro que não se deve deixar a criança solta, fazendo o que quer na igreja, mas também não se pode esquecer que são crianças e não se pode esperar que se comportem como adultos.
Se queremos jovens longe de caminhos perigosos; se queremos adultos equilibrados, pessoas de bem, capazes de fazer de sua vida algo belo, devemos dar às nossa crianças o direito de conhecer Jesus e seus ensinamentos, enquanto ainda são crianças.
Que Deus abençoe a todos.
Pe. Walter
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