O quarto domingo do advento, ano B, nos apresenta, na primeira leitura, o texto onde Davi quer construir uma casa para Deus, enquanto este lhe afirma que é Ele quem lhe construirá uma casa (cf. 2 Sm 7). Depois vemos no Evangelho o texto da anunciação do anjo a Maria, onde ela dá o sim que possibilita a entrada de Jesus na história humana (cf. Lc 1, 26-28). A segunda leitura nos diz, por S. Paulo, que o mistério, escondido desde a eternidade foi, enfim, revelado: a encarnação do Filho de Deus (cf. Rm 16,25-27).
Meditando sobre estas leituras, percebemos que Deus não quer que, simplesmente, lhe construamos casas materiais onde possa ser visitado, adorado, onde receba culto. Muito mais, ele quer construir-nos, em Cristo Jesus, uma casa, sua morada no meio de nós. Pelo Evangelho podemos perceber no sim de Maria, o tipo de resposta que espera de nós para que o Natal que Ele deseja se realize. Pelo nosso sim, que gera comprometimento total do nosso ser com o projeto de Deus, e só por meio dele, acontecerá plenamente a realidade que o Natal de Jesus, há mais de dois mil anos, iniciou. Não basta irmos às igrejas visitar Deus; é preciso ir lá sim, mas para, sobretudo, celebrar um culto de ação de graças que seja o louvor que brota de uma vida entregue como a de Maria, comprometida como a dela ao Senhor.
Ao dizer seu sim, Maria não estava apenas fazendo um ato religioso; estava comprometendo tudo, inclusive sua segurança, pois mulheres que ficassem grávidas antes do casamento poderiam ser apedrejadas.
Davi pensava que construindo uma casa para Deus faria com que este viesse morar no meio do povo, tornando-se acessível aos homens. O que ele não sabia (e que mais tarde Jesus revelaria) é que Deus não habita em santuários feitos por mãos humanas e que mais do que casas de tijolo e cimento, Ele deseja fazer morada no coração dos homens. Davi não sabia que não é o homem que alcança Deus, mas que Este é que alcança o homem, vindo-lhe ao encontro.
No Natal de Jesus, Deus veio ao encontro da humanidade, desceu das alturas de sua divindade, jamais alcançável por criaturas tão pequenas, e veio buscar aqueles que, desde a eternidade, são o fruto do seu apaixonado amor de Pai.
Nossas igrejas, ou seja, nossos templos, são a casa da Igreja verdadeira, o Povo de Deus, aqueles que foram batizados no seu Santo Espírito e que se tornaram casa, habitação de Deus. Nelas, este povo é convidado a se reunir para oferecer um culto de verdadeiros filhos, que amam e se comprometem pelo amor, gerando a justiça do Reino novo. Nosso Natal, memória-realidade do evento salvador da entrada de Jesus na história, precisa ser, cada vez mais, completado e tornado presente no mundo por meio da entrega comprometida dos filhos de Deus, templos vivos, que levem o seu amor a toda parte do mundo.
Que esta última semana do Advento nos ajude a preparar um Natal assim.
Pe. Walter Jorge
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