“Há um tempo para cada coisa” (cf. Ecl 3, 1-8)
Há épocas em que a humanidade passa por crises mais agudas, nas quais o sofrimento das pessoas se intensifica. Vivemos, certamente, numa dessas épocas. Nessas ocasiões os homens e mulheres de boa vontade devem concentrar seus esforços em ações capazes de minimizar ou mesmo neutralizar a força destruidora do mal com a capacidade de fazer o bem.
Decididamente é tempo de fazer o bem! Não que haja um tempo para fazer o bem, pois sempre é tempo disto. Mas existem ocasiões de se intensificar o bem que se deve fazer.
Estamos mesmo numa especial ocasião de fazer o bem, pois o nosso mundo anda adoecido demais. Difícil pensar em outra época da história em que o mal, tão banalizado, atingisse proporções tão alarmantes. O respeito pela vida talvez nunca tenha andado tão em baixa.
Se, por um lado, crescemos na consciência do valor que se deve dar às pessoas, à natureza e à democracia, por exemplo, por outro, percebemos que o desrespeito a tudo isso grassa de maneira gritante.
Nossas cidades vivem como se tivesse sido instalado, permanentemente, um estado de guerra, uma vez que o número de mortos pelos diversos tipos de violência é um número próprio das guerras.
Vemos uma tal perda das referências que as pessoas já não se dão conta dos estragos provocados por suas ações, uma sobre as outras, seja nas famílias, nas escolas, no ambiente de trabalho, no trânsito etc.
Por tudo o que vemos, pelo que constatamos ou intuímos, fica fácil perceber que é hora de aprendermos a fazer o bem e de fazê-lo numa proporção pouco vista em outras épocas.
É preciso tomarmos as rédeas da situação caótica pela qual passa o nosso mundo por meio de nossa capacidade de fazermos o bem. E é preciso fazer todo tipo de bem. Poderíamos pensar que muita coisa boa está ao alcance de nossa ação, a começar pelas pequenas. Fazer o bem em casa, nas pequenas coisas, deixar de arrumar confusão por bobagens e egoísmos, colaborar nas pequenas tarefas, ser menos ríspidos, tentar ser mais agradável e menos exigente.
Podemos também pensar no bem que está ao nosso alcance nas escolas, nos ambientes de trabalho, em nossas comunidades. Acredito também na urgência de o bem permear as relações entre as diversas Igrejas, os diversos credos, os partidos políticos ou entre os que pensam de forma diferente.
Sem dúvida, esse é um tempo especial para revermos nossas atitudes, nossos pensamentos e as motivações que movem nossa vida. Tempo de buscar mais coerência interna, mais misericórdia e justiça. É tempo de rompermos as tramas que nos prendem aos pecados com os quais nos acostumamos e liberarmos a capacidade de fazer o bem, que anda tão enfraquecida.
Que este tempo do advento que nos prepara para a eterna novidade de Deus, que é o Natal de Jesus, nos sirva de inspiração para refazermos em nós a capacidade de fazer o bem.
Um santo Advento a todos e um Feliz Natal!
Pe Walter
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