Mateus nos diz que os olhos são lâmpadas do corpo (Mt 6, 22-23). O povo
também diz que os olhos são janelas da alma: pelo olhar podemos perceber o que
está no coração. Nós, muitas vezes, preferimos fechar essas janelas, desligamos
a luz e ficamos como que enclausurados dentro de nós mesmos; com nossas
preocupações, pressas, compromissos e problemas.
É preciso que aprendamos a manter nossos olhos abertos, para atender ao
convite de Jesus que nos diz: “Olhai para as aves do céu, que [...] vosso Pai
celestial alimenta. [...] Olhai para os lírios do campo, [...] nem mesmo
Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles.” (Mateus 6, 28-30).
De olhos fechados, perdemos a oportunidade de apreciar a beleza da criação, deixamos de enxergar o que está à nossa volta e as pessoas, que poderíamos ajudar com um simples gesto ou uma pequena palavra.
Muitas vezes olhamos, mas não vemos. A vista ficou cansada, como na
história do profissional que passou 32 anos pela mesma entrada do prédio do seu
escritório. Lá, pontualíssimo, estava sempre o mesmo porteiro. Dava-lhe bom dia
e, às vezes, lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro
cometeu a descortesia de falecer. Como era ele? Seu rosto? Sua voz? Como se
vestia? Aquele homem de negócios não tinha a mínima ideia. Em 32 anos, nunca o
viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer.
É grande o número de passagens bíblicas onde a visão das pessoas era restaurada. Essas curas simbolizam a luz da fé que Cristo traz aos olhos da nossa alma. Isso porque quando os olhos da alma estão fechados não podemos enxergar a luz de Deus que, muitas vezes, brilha no rosto de nossos irmãos.
Será que a nossa vista está também cansada? Olhamos, mas não enxergamos.
Precisamos aprender com Jesus a olhar para as coisas. Ele nos convida a
educarmos nossos sentidos, a começar pela visão, lâmpada da alma, janela do
coração.
Silvana Rocha
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