Estamos vivendo um tempo de paradoxos: se, por um lado, a humanidade se vangloria das possibilidades da inteligência humana, por outro, vemos em muitos campos o predomínio ditatorial dos sentimentos que excluem quaisquer outras faculdades humanas de seus julgamentos.
Sobre os relacionamentos amorosos, por exemplo, alguns julgam que o fato de duas pessoas estarem apaixonadas é o bastante para justificar tomadas de posições cujos preços são impagáveis. Quantas vezes temos visto pessoas abandonarem esposa(o) e filhos com uma facilidade estarrecedora, porque dizem estar vivendo um amor irrecusável?
Por causa de paixões que mais tem a ver com apelos carnais do que com as exigências de um verdadeiro amor, quanta gente não tem esquecido promessas feitas diante de Deus, compromissos de uma vida toda, responsabilidades intransferíveis?
Por causa de sentimentalismos, muita gente tem se esquecido de pensar a vida como passageira, como um tempo que nos é dado para semear o que mais tarde colheremos. Incentivadas, muitas vezes, por uma mídia irresponsável, que faz a muitos confundir vida real com folhetim, essas pessoas jogam tudo para o alto, para viver uma aventura que custará, a elas e a muitos que as amam, dores atrozes.
Será que não devemos nos perguntar se os sentimentos sozinhos são suficientes para dirigir nossas vidas? Aonde chegarão vidas que se deixam guiar unicamente por eles? Acredito que Deus nos deu outras faculdades para que não fiquemos reféns de julgamentos parciais capazes de fazer grandes estragos.
Deveria alguém que se julga apaixonado esquecer os critérios fornecidos pela fé e pela razão na hora de tomar suas decisões? O coração deve conduzir sozinhos os caminhos de uma pessoa? Deus estará abençoando um relacionamento que fará tanto mal a tanta gente?
Apenas sentimentos não podem levar uma pessoa aos caminhos da verdadeira felicidade, sobretudo porque estes passarão, muitas vezes pelo caminho do sofrimento para amadurecer. Dessa forma, dizer não a certas possibilidades e fechar portas que nunca deveriam ter sido abertas não é repressão, mas atitude coerente de quem deseja viver sentimentos que, de verdade, sejam consistentes e produzam vida para todos.
Padre Walter
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