Uma arte delicada é o que a teologia é chamada a exercitar: buscar modelos que se aproximem do mistério que ela anuncia. Sendo assim, com os olhos fixos na história do mundo e do presente, muitos cristãos têm sido fonte de criatividade para a vida cristã. Mais do que qualquer sistema teológico, são sinais dos tempos, isto é, capazes de viver a fidelidade ao Evangelho de modo fecundo.
No dia 27 de agosto de 2006 partia para junto de Deus nosso saudoso dom Luciano Pedro Mendes de Almeida. Há 7 anos, o Brasil se despedia de um homem, de um bispo, de um santo. Dom Luciano foi um dos mais importantes dirigentes da Igreja Católica no Brasil. Se destacou pela simplicidade, pela vontade de servir e pela luta pelos direitos humanos. Seu amor aos pobres o fez servidor e amigo deles e defensor zeloso de suas causas. Sua vida de oração e o testemunho de amor a Deus e ao próximo ajudaram muitas pessoas a se aproximarem de Deus. Pe. Julio Lancelotti assim resumiu: “Dom Luciano, imagem bonita de Deus”.
Homem sensível ao mundo dos pobres, consciente da fraqueza e do sofrimento do ser humano e da nossa pequenez em socorrê-lo. No entanto, isso não o desanimava da busca constante em servir e ajudar. Sempre com a pergunta que se tornou célebre e o distinguia em qualquer lugar: “Em que posso ajudar?”, Dom Luciano conjugava ao longo de sua vida um respeito pelo mistério do outro com a proximidade comunicativa. A tônica do amor dominava-lhe o pensamento. Usa a bela expressão de amar com o amor de Deus: “A alegria de servir aos irmãos é nossa melhor recompensa”.
Aprendemos com o testemunho de Dom Luciano a alegria de servir por amor. “Não sei se vocês já viram um homem feliz. Eu sou”, assim ele afirmou na celebração de seu jubileu de prata episcopal. Em contraste com um mundo de ódio, injustiças, violência, tudo isso conspirando contra a alegria de vivermos como filhos de Deus, ele oferece a via da confiança no Pai e da fraternidade sem distinções. Este legado nos deixou Dom Luciano, vivendo à luz do ágape eterno no seguimento de Jesus a serviço dos irmãos, como “discípulo dos pobres”, fazendo tudo como inspira o seu emblema episcopal “In nomine Iesu”.
Assim, enquanto peregrinamos neste mundo, ao invés de perdermos a esperança diante deste contexto adverso que se nos apresenta, vemos sinais de vida em tantos que se dedicam a testemunhar um Reino de paz e justiça. Por isso continuamos certos de que “Dom Luciano continua vivo nas lutas do povo!”.
Diácono Edir
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