Estou lendo estes dias um livro muito interessante chamado Jesus – aproximação histórica, de autoria de José Antonio Pagola, Ed. Vozes. Como o título anuncia, o autor procura, por meio de vasta pesquisa, fazer conhecer o mais possível quem foi o Jesus histórico que viveu entre nós.
Num de seus capítulos, quando aborda Jesus como morador de Nazaré, o autor procura dar as motivações que o levaram a não se casar, algo quase impensável para um judeu daquele tempo.
Como este assunto é recorrente em relação à opção pelo celibato para os padres na Igreja Católica Romana, achei interessante dividir com vocês este pequeno trecho do capítulo em questão. Nele o autor diz:
“No entanto, Jesus consagrou-se sim totalmente a algo que se foi apoderando de seu coração com força cada vez maior. Ele o chamava de ‘reino de Deus’. Foi a paixão de sua vida, a causa à qual se entregou de corpo e alma. Aquele operário de Nazaré acabou vivendo somente para ajudar seu povo a acolher o reino de Deus... Seduzido pelo reino de Deus, fugiu-lhe a vida sem que ele encontrasse tempo para criar uma família própria... De sua opção, Ele mesmo afirmava que há alguns que se castram a si mesmos (se tornam eunucos, conforme Mt 19,12) por causa do reino de Deus. Esta linguagem tão expressiva só pode provir de alguém tão original e escandaloso como Jesus... Poucos traços de Jesus nos revelam com mais força sua paixão pelo reino e sua disponibilidade total para lutar pelos mais fracos e humilhados. Jesus conheceu a ternura, experimentou o carinho e a amizade, amou as crianças e defendeu as mulheres. Só renunciou àquilo que podia impedir a seu amor a universalidade e entrega incondicional aos privados de amor e dignidade. Jesus não teria entendido outro celibato. Só aquele que brota da paixão por Deus e por seus filhos e filhas mais pobres” (p. 83-84).Percebendo as motivações de Jesus, fica mais fácil entender que é possível àqueles que se consagram totalmente ao serviço do reino de Deus, imitar também sua opção pelo celibato.
A todos um grande abraço,
Pe. Walter Jorge
0 comentários: