A humanidade, sempre pretensiosa de sua razão, a qual se julga iluminada o suficiente para prescindir de qualquer orientação divina, vai tentando responder a importantes questões da existência humana.
Assim, arredia a qualquer consideração de uma moral religiosa, a humanidade busca estabelecer critérios para suas tomadas de decisões. O problema é que, quando se afasta o referencial religioso, as decisões baseiam-se em pretensos direitos que não consideram nenhum grau de oblatividade.
Sem oblação, obterá direito quem tiver maior poder de convencimento. Ora, sabemos que justamente os mais indefesos são os que possuem menor capacidade de requererem seus direitos. Assim, podemos dizer que os fetos, os empobrecidos e os deficientes jamais serão ouvidos.
Há muitos direitos que só serão respeitados por motivações mais profundas que vêm de uma consciência formada para a oblação. Assim, uma mulher não cederá às pressões internas ou externas para abortar, por querer ceder plenos direitos àquela vida que está sendo gestada dentro dela.
Ela não olhará em primeiro lugar para os seus direitos, mas considerará a vida como maior referencial. Agindo assim, sua própria vida já não será exposta a perigos por buscar clínicas clandestinas, pois o aborto já não será considerado como alternativa viável.
Infelizmente, quando já não se admite uma verdade transcendente, ou quando se tenta criar um deus inteiramente de acordo com interesses particulares, acaba-se por se confundir o mal com o bem, pois o bem nem sempre coincidirá com aquilo que pensamos ser bom para nós.
Quando uma sociedade passa a defender certos direitos, não se importando que isso custe a vida alheia, ela passa a ter que justificar inúmeros atos de barbárie, em nome desses mesmos direitos.
Muito mais do que um direito, o bem será sempre referenciado à defesa da vida. Por isso, Jesus entregou sua vida, quando poderia tê-la defendido. Também por isso tantas pessoas se doaram até o martírio: porque estava em jogo a vida de outros ou o bem a elas relacionado, como a justiça, a verdade e a paz.
Padre Walter
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