De Deus eu não tenho medo, pois Deus não me criou para ter medo d’Ele, mas para ser participante com Ele da alegria de viver. Por Deus eu tenho respeito; a Ele quero honrar como Aquele que me ensina a verdade sobre a vida, que me aponta o caminho certo pelo qual devo andar; como aquele que me ama com um amor com que jamais serei amado por ninguém mais. Isso, para mim, é o que a Igreja chama de "temor de Deus", um dom que me faz querer ficar sempre perto d’Ele, como o único que pode ser o Deus verdadeiro, meu Pai e Senhor.
Medo eu tenho, sim, do pecado e do mal, pois esses estragam minha vida e matam a alegria da eternidade que habita em mim. Medo eu tenho de perder a fé verdadeira, deixando-a morrer pela ausência daquilo que Jesus ensinou e deixando-a transformar-se em pura teoria, que não conduz de fato a minha vida.
Medo eu tenho de me perder em meio ao consumismo, transformando pessoas e coisas em meros objetos de prazer; medo eu tenho de não ser capaz de chegar à verdadeira felicidade, fruto das exigências do amor e do amar, que não se mede apenas com as medidas do prazer instantâneo.
Medo eu tenho ainda de passar pela vida sem me importar com as pessoas, sobretudo com as que mais precisam de mim, por estarem fragilizadas pelas muitas formas de misérias; tenho medo de gastar os meus anos sem produzir coisas boas, sem fazer o bem, pensando tão somente em mim mesmo. Dessas coisas e outras semelhantes, eu tenho medo, mas não de Deus.
Deus não nos deve amedrontar, mas nos inspirar amor, pois é amável e o amor lança fora o medo (cf. IJo 4,18). Por isso, mais e mais o devemos querer conhecer, para amar mais quem é tão fascinante por ser o próprio amor, que só sabe amar. Perder um Deus assim, isso sim me causa muito medo!
Padre Walter
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