O mês de novembro começa trazendo para nós uma realidade: a morte faz parte da vida. Não é agradável pensar e conviver com esse mistério. Mas é bobagem fugir dele ou tentar ignorar. É sábio aprender a conviver com ela, sem sofrer mais do que o necessário.
A fé é uma grande parceira na busca de viver melhor essa realidade. Além de trazer a garantia da vida eterna, nos conforta na dor e alimenta a esperança. Para as pessoas que creem, a vida não é tirada, mas transformada. “Se o grão de trigo não cai na terra e não morre, será apenas um grão de trigo; mas se é enterrado e morre, renasce e dá muitos frutos” (Jo 12, 24).
É comum vermos escrito em algumas sepulturas: “Ninguém morre, enquanto permanece vivo no coração de alguém”. E é verdade. Há pessoas que se foram e estão mais vivas do que nunca. Vivas junto de Deus e no coração, na lembrança, nas obras, nos filhos e netos, nos gestos, nas sementes que espalharam. Sua história e seu nome permanecem.
Jesus Cristo é o maior exemplo. Cremos na sua ressurreição. Mas, mesmo humanamente falando, ele continua muito vivo e presente. Milhões e milhões de pessoas o sentem e experimentam na sua vida. Ele transformou, transforma e continuará mudando a vida de muitos. Suas palavras e atitudes são sempre atuais. Sepultaram seu corpo, mas ninguém jamais sepultará sua vida, seu sonho, seu projeto de vida. E assim acontece também conosco. A gente vai… mas não morre.
Eu sei que a morte é cruel, machuca, surpreende, dá uma rasteira quando menos se espera. Contudo, ela é justa. Não faz diferença. Iguala a todos. É a forma de colocar as coisas injustas no seu lugar. E, além do mais, a dor faz parte da vida. A cirurgia, o tratamento para se recuperar a saúde dói. A poda machuca. A saudade incomoda. A separação, mesmo que necessária e desejada, fere o coração. O amor dói. É certo: não existe vida sem dor. Como não existe vida sem morte… e morte sem vida.
Padre José Antônio de Oliveira
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